sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Receita

Num dia desses um amigo me perguntou se eu realmente gosto de cozinhar. Aliás, me questionou se eu realmente o fazia, como se fosse algo de outro mundo. Machismos idiotas à parte, gosto sim. Um dos meus hobbies. Ok, podem fazer piadinhas à vontade, o que vão levar em troca será uma erguida de sobrancelha e um sonoro “foda-se”.

Ver os ingredientes se misturando, tomando formas diferentes...brincar com aromas, texturas, sabores, combinações inusitadas. É relaxante, desestressante e não tem tanto mistério assim!  É muito mais simples que pessoas. Na verdade, cozinhar pra mim é uma fuga dos problemas diários, que quase sempre, envolvem os benditos seres humanos.

Se faltar fermento, o bolo não cresce. Se bater a massa demais, também não. Se o forno não for muito bom, batuma. Já com as pessoas, é tudo diferente, complicado. Às vezes tomamos decisões pensando em agradar, e no final das contas, acabamos magoando.  Não sabemos como agir, se devemos ligar, convidar pra sair. Se perguntar daquele assunto vai encomodar. E mesmo achando que conhecemos as pessoas o suficiente, sempre há algo para se surpreender, acreditem!

Certos dias (a maioria deles), nem mesmo eu me entendo. Sinceramente, sinto que sou o ser humano mais complicado da face da Terra. Melhor, não sei se sou um ser humano!  Em pouco mais umas linhas, você já deve estar pensando que realmente trombou com uma alucinada que devia se tratar. E não adianta negar, eu sei que pensa!

Pros gordos de plantão, cozinhar é só para matar a fome. Pra alguém sentimentalmente besta como eu, é muito mais que isso! Cozinhar, e principalmente fazê-lo com amor, é sublime. Demonstra sentimentos que às vezes não conseguimos expressar. Agradar alguém pelo paladar também é um carinho,  um afago, um “eu te amo” ou “me importo com você”.

Finalizando, após alguns acontecimentos, desejei profundamente que os seres humanos viessem com receita, manual de instrução, modo de usar. Seria muito mais prático! E muito mais chato também...

Pensando bem, perderia toda a graça! Imagine a quantia de terapeutas, psicólogos e psiquiatras desempregados.  Até mesmo a música perderia o sentido. O chocolate seria praticamente extinto. O álcool então, nem se fala! A humanidade e suas problemáticas não seriam mais fascinantes e talvez mais bolos fossem queimados...

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