É difícil aceitar que
as coisas das nossas vidas não acontecem da forma que planejamos. Eu, pelo
menos, já sofri muito com a impotência perante o “destino”. Mas ao mesmo tempo
é interessante perceber que o que geralmente nos fortifica e muda mais nossos
rumos, são esses desvios indesejados. Depois de toda a dor e toda a tempestade,
quando conseguimos novamente a serenidade, percebemos isso.
Hoje olhando alguns
e-mails e fotos antigas, percebi o quanto minha rotina, minhas ideias e meus próprios
planos se transformaram. Resolvi vasculhar o passado porque há alguns dias uma
conhecida veio me dizer que “estou sumida” e que “mudei muito”.
Que bom! – pensei comigo.
Não sei por que as pessoas usam esse blablabla de “como você está diferente” ou
“você não é a mesma que conheci” ou até mesmo “não sei se te conheço mais” como
algo ruim, como um defeito, uma catástrofe. Chego à conclusão que pessoas assim
não são adeptas a introspecção. Não se conhecem e querem ter o privilégio de
julgar os que as cercam.
Ou resolveram puxar o
freio de mão da vida. Resolveram estacionar, admirar a paisagem. Resolveram
aceitar a realidade inventada por elas mesmas como a realidade do mundo todo.
Egoístas.
“Claro que não sumi! E você, anda sempre nos
mesmos lugares, com as mesmas pessoas?” – respondi.
“Sempre, sempre!” –
placidamente sorriu ela.
Já que ela não havia
entendido minha ironia e minha sutil crítica à mesmice que ela vivia, resolvi
parar por ali. Nunca tive muita paciência, mas nesses últimos tempos aprendi a
cuidar da minha impulsividade. Aprendi a controlar mais minhas palavras.
Hoje tenho pouco
contato com meus amigos de infância e com os que conheci durante o ensino
médio. No início me culpava, me sentia distante de todos e forçava uma
convivência, só para não magoar alguns que diziam que “amigo sempre tem que
estar junto, tem que ser parceiro”. Chegaram a dizer que não esperavam que me
distanciasse tanto depois que entrasse na faculdade.
Aconteceu, e eu me
martirizava por não ser uma pessoa perfeita, sorridente, cúmplice das
futilidades das minhas amigas, estampando fotos de “baladas loucas” nas redes
sociais e marcando sempre a próxima “grande noite” com as mesmas pessoas, nos
mesmos lugares, com os mesmos assuntos. Eu sempre estive numa sintonia
diferente, só não aceitava.
Meu conceito de
aproveitar a vida era muito chato para eles. E eu me importava, afinal, eles
eram meus amigos. Alguns não deixaram de ser. Os que não me julgavam tanto,
principalmente.
Agora eu aceito que
minhas opções, minhas vontades, meus conceitos, minhas premissas só devem
satisfazer a mim. Não me sinto mais excluída, afinal, encontrei apoio em
pessoas que sempre estiveram ao meu lado e em outras que conheci há pouco.
Desisti de viver uma
vida que não é minha, e talvez seja por isso que digam que mudei tanto. Estou
muito convicta de quem sou e do que quero pra mim.
Mas infelizmente não
posso garantir que isso não vá mudar. Afinal, quase sempre precisamos nos
perder para então nos encontrar de novo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário