sábado, 3 de março de 2012

Never goes out

"Take me out tonight
Where there's music and there's people
Who are young and alive
Driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one
Anymore"

Acordei com The Smiths na cabeça. Arrumei a cama que um dia fora nossa e coloquei as várias almofadas que você insistiu que comprasse pois "assim pareceria mais aconchegante". Preparei o café, do jeito que você mais gostava. Bem açucarado, diferente do meu gosto. Preferia forte, amargo, daqueles que te socam o estômago no primeiro gole. Mas eu me adaptei. Me adaptei a você.

"Take me out tonight
Because I want to see people
And I want to see lights
Driving in your car
Oh please don't drop me home
Because it's not my home
It's their home
And I'm welcome no more"

E talvez esse tenha sido um dos meus erros. Porra, estou cantando The Smiths mentalmente! Quer maior prova do que essa? Esses caras melosos, com esse sotaque britânico desprezível. Mas você me convenceu que eles não eram tão ruins assim enquanto tomávamos shots de Steinhaeger num desses botecos onde a luz é turva e o cheiro de xixi de rato parece ser as notas de coração do perfume local.

"And if a double-decker bus
Crashes into us
To die by your side
Such a heavenly way to die
And if a ten-ton truck
Kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure and the privilege is mine"

E por incrível que pareça, se eu pudesse resgatar aquele momento, não me importaria em vivê-lo repetidamente, todos os dias. Todos os dias, até o último. Eu realmente não me importaria nem mesmo em ouvir você discorrer sobre sua admiração pela estratégia de Stalin, que foi a discussão principal daquele dia. Juro que tentei me mostrar interessado, mas sua boca pintada com aquele batom vermelho disputava minha atenção com as mechas do seu cabelo ruivo que pousavam quase que poeticamente em seu colo.

"Take me out tonight
Oh take me anywhere
I don't care, I don't care, I don't care
And in the darkened underpass
I thought "Oh God, my chance has come at last"
But then a strange fear gripped me
And I just couldn't ask"

Me mata saber que talvez eu nunca mais olhe seus olhos fitando os meus, como uma criança curiosa tenta desvendar algo novo. Que talvez eu nunca mais consiga acariciar seus pés com os meus debaixo da coberta. Que eu nunca mais possa acordar ao seu lado e presenciar você se espreguiçando. Que talvez eu nunca mais veja seus olhinhos apertados e sinta sua respiração ofegante, seguidos do doce suspiro pós orgasmo.

"Take me out tonight
Take me anywhere
I don't care, I don't care, I don't care
Just driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one
Oh, I haven't got one"

Eu fico me perguntando, tentando entender...Onde foi que te perdi? Onde foi que o brilho dos seus olhos foi esquecido? Onde foi que o amor virou obrigação? Onde foi que a paixão virou comodismo? Onde foi que...deixa pra lá!

"There is a light that never goes out
There is a light that never goes out
There is a light that never goes out
There is a light that never goes out"

Queria que nosso amor tivesse sido assim.

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